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Nesse artigo iremos conhecer os principais instrumentais cirúrgicos utilizados para procedimentos gerais e de especialidades. Vamos a eles? 

  

O que são Instrumentais Cirúrgicos?

São ferramentas manuais utilizadas por profissionais de saúde para realizar tarefas cirúrgicas, de modo a aumentar a precisão e eficácia do procedimento. Geralmente são compostos por aço inoxidável, o qual tem maior durabilidade e resistência à oxidação. 

Os instrumentais articulados são compostos por: ponta, lâminas ou garras, fulcro/ articulação, hastes, cremalheira (presente ou não) e anéis para manuseio (figura 1). 

 

Detalhes dos instrumentais articulados: ponta, garra/ lâmina, fulcro ou articulação, hastes, anés e cremalheira.

Figura 1. Detalhes dos instrumentais articulados: do lado esquerdo temos uma pinça e do lado direito uma tesoura. Fonte: arquivo Surgery4Vets.

  

  • Pontas: no caso de pinças, podem possuir dentes ou não e, no caso de tesouras, podem ser agudas ou rombas; 
  • Lâminas: presentes em tesouras, são retas ou curvas; 
  • Garras: encontradas em instrumentais para preensão e possuem diversas configurações de serrilhados, sendo consideradas traumáticas ou atraumáticas. Além disso, podem ser retas ou curvas, sendo que esta auxilia na visualização e manipulação tecidual; 
  • Fulcro/ Articulação: possui trava ou não, é a região que sofre maior estresse durante o uso;
  • Hastes: geralmente determinam o comprimento do instrumental, devem ser confortável para o cirurgião e adequadas para cumprir o seu objetivo;
  • Cremalheira: possuem proeminências que se intercalam e travam o instrumental fechado. Isso auxilia na estabilização de tecidos ou materiais, como vasos e agulhas;
  • Anéis para manuseio: servem para o encaixe correto dos dedos e, consequentemente, a utilização e controle do instrumental de modo adequado.

 

De modo geral, são classificados em: 

  • Comuns: compostos por materiais utilizados em quaisquer intervenções cirúrgicas durante a diérese, hemostasia e síntese; 
  • Especiais: compostos por ferramentas utilizadas durante cirurgias específicas (ortopédicas, oftálmicas, cardiovasculares…) ou outros tempos cirúrgicos que não os anteriores. 

  

Quais são os Principais Instrumentais Cirúrgicos?

 

Bisturi

São instrumentais utilizados para incisão e punção, divididos em 2 partes: cabo e lâmina (figura 2). Cada um desses é designado por números e, quanto menor o número, menor o seu tamanho. Assim, cabo e lâminas menores são utilizados em etapas mais delicadas e cabo e lâminas maiores em técnicas gerais. Por ser um instrumento mais afiado, possui um corte menos traumático que tesouras. 

 

Bisturi nº 4 com lâminas 20, 21, 22, 23 e 24; e bisturi nº 3 com lâminas 10, 11, 12 e 15.

Figura 2. Esquerda: lâminas 20, 21, 22, 23 e 24, que se encaixam no cabo de bisturi nº 4. Direita: lâminas 10, 11, 12 e 15, que se encaixam no cabo nº 3. Fonte: arquivo Surgery4Vets.

  

Tesouras

São instrumentais para corte e divulsão tecidual, podendo ser curvas ou retas e delicadas ou robustas, além de possuírem diversos tamanhos e formatos. As tesouras retas são mais resistentes, já as curvas são mais versáteis e favorecem a visibilidade, principalmente em tecidos profundos. Ainda, podem ter pontas rombas ou pontiagudas ou uma combinação delas (romba-romba, fina-fina e romba-fina; figura 3). 

 

Os tipos de pontas presentes em tesouras: romba-romba, fina-fina e romba-fina

Figura 3. Da esquerda para direita: ponta romba-romba, fina-fina e romba-fina. Fonte: arquivo Surgery4Vets.

  

Metzenbaum 

Indicada para diérese e divulsão de tecidos delicados, pois possui lâminas finas, com aproximadamente 1/4 do comprimento total da tesoura (figura 4). Assim, são utilizadas principalmente para o tecido subcutâneo.  

 

Tesoura Metzenbaum para tecidos delicados.

Figura 4. Tesoura Metzenbaum para tecidos delicados. Fonte: arquivo Surgery4Vets.

  

Mayo 

Indicada para tecidos mais densos (como aponeurose, fáscia), por ser mais resistente e ter lâminas mais robustas (figura 5). Porém, é mais traumática que a Metzenbaum. 

 

Tesoura Mayo para tecidos mais densos..

Figura 5. Tesoura Mayo para tecidos mais densos. Fonte: arquivo Surgery4Vets.

  

Cirúrgica ou de Uso Geral 

Indicada para corte de fios ou outros materiais inanimados (figura 6).

 

Tesoura cirúrgica para fios e objetos inanimados.

Figura 6. Tesoura cirúrgica para fios e objetos inanimados. Fonte: arquivo Surgery4Vets.

 

Íris 

Indicada para procedimentos oftálmicos ou estruturas muito delicadas, nas quais é necessário cortes precisos (por exemplo, uretrostomia perineal; figura 7).

 

Tesoura íris para cirurgias oftálmicas e tecidos muito delicados.

Figura 7. Tesoura cirúrgica para cirurgias oftálmicas e tecidos muito delicados. Fonte: arquivo Surgery4Vets.

  

Pinças de Dissecção

São instrumentais para a preensão de tecidos, tendo a ponta com dente-de-rato (pinça dente-de-rato) ou mais fina (pinça de Adson) ou com ranhuras transversais (pinça anatômica), como mostrado na figura 8. 

 

Pinças de dissecção: pinça dente-de-rato, anatômica e de Adson, respectivamente.

Figura 8. Pinças de dissecção: pinça dente-de-rato, anatômica e de Adson (da esquerda para direita). Fonte: arquivo Surgery4Vets.

  

Pinças Hemostáticas

São instrumentais utilizados com o objetivo de pinçar vasos sanguíneos para a realização de hemostasia temporária ou para auxílio em ligaduras, podendo ser curvos ou retos (figura 9). 

  • Pinça Kocher: pinçamentos de tecido ou pela ponta para tração de aponeurose (possui dente-de-rato); 
  • Pinça Kelly: estrias cobrem até 2/3 do comprimento das garras; 
  • Pinça Crile: estrias cobrem completamente as garras, promovendo maior área de preensão; 
  • Pinça Halsted: também chamada de mosquito, são menores e mais delicadas. 

 

Pinças hemostáticas: Kocher, Kelly, Crille e Halsted, respectivamente.

Figura 9. Pinças hemostáticas: Kocher, Kelly, Crile e Halsted, respectivamente. Fonte: arquivo Surgery4Vets.

  

Instrumentais para Exposição

São compostos pelos afastadores, que permitem a tração de tecidos seccionados e a consequente exposição de planos anatômicos e órgãos subjacentes (figura 10).  

  • Manuais: também chamados de dinâmicos, dependem de uma força externa para manter a exposição, geralmente do auxiliar. Exemplos: afastador de Farabeuf, de Senn, de Hohmann; 
  • Auto-estáticos: possuem mecanismos de travamento, não sendo necessária a aplicação de força externa. Devem sempre ser utilizados com uma compressa estéril umedecida protegendo o tecido subjacente. Exemplos: de Gelpi, de Balfour, de Finochietto e em anel;  

 

Da esquerda para direita: afastadores de Farabeuf e de Finochietto.

Figura 10. Da esquerda para direita: afastadores de Farabeuf e de Finochietto. Fonte: arquivo Surgery4Vets.

 

Instrumentais Especiais

São instrumentais específicos para intervenções cirúrgicas dos sistemas gastrointestinal, cardiovascular, ortopédico, neurológico, oftálmico e urogenital ou utilizados como apoio durante os demais procedimentos cirúrgicos (figura 11). 

  • Pinça para Antissepsia: Foerster;
  • Pinças de Campo: possuem pontas agudas para fixação de campos à pele, prender campos entre si ou fixar objetos a campos (sondas, mangueiras). Exemplo: Backhaus; 
  • Pinças Traumáticas: maior capacidade de preensão por ter denteamento fino. Exemplos: Allis, Babcock; 
  • Pinças Atraumáticas: para preensão de tecidos ou vísceras, possuem grande superfície de contato com ranhuras. Exemplos: pinças intestinais de Doyen, clamps vasculares; 
  • Outros: furadeiras, placas e parafusos, eletrocautério, por exemplo. 

 

Da esquerda para direita: pinça Foerster, Backhaus, Allis e Doyen, respectivamente.

Figura 11. Da esquerda para direita: pinça Foerster, Backhaus, Allis e Doyen. Fonte: arquivo Surgery4Vets.

 

Instrumentais para Síntese

Auxiliam no fechamento de feridas e são representados pelos porta-agulhas (figura 12). Eles geralmente possuem cremalheira e podem ou não ter capacidade de cortar suturas. Além disso, suas garras são curtas e possuem ranhuras que se cruzam para limitar a rotação da agulha, permitindo maior controle ao cirurgião no momento da passagem da agulha pelo tecido. 

 

Porta-agulha Mayo-Hegar, Olsen-Hegar e de Castroviejo, respectivamente.

Figura 12. Porta-agulha Mayo-Hegar, Olsen-Hegar e de Castroviejo, respectivamente. Fonte: arquivo Surgery4Vets.

 

 

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Então é isso, compartilhem esse artigo com seus amigos e colegas, comentem e deixem sugestões do que vocês gostariam que abordássemos ;). 

  

Surgery4Vets 

“Você no Centro” 

  

Referências

– BOOTHE, H.W. Instrumentation. In: TOBIAS, K.M & JOHNSTON, S.A. Veterinary SurgerySmall Animal, 1 ed, Saunders: Elsevier, p. 152 – 162, 2012.

– MACPHAIL, C. & FOSSUM, T.W. Surgical Instrumentation. In: FOSSUM, T.W. Small Animal Surgery, 5 ed, Philadelphia: Elsevier, p. 50 – 59, 2019.

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